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O bullying no contexto escolar e o impacto sobre o processo de desenvolvimento e aprendizagem.

4 de setembro de 2018 - Educação

O bullying no contexto escolar e o impacto sobre o processo de desenvolvimento e aprendizagem.

Quando pensamos em relações humanas, imaginamos indivíduos lidando num mesmo espaço e agindo diariamente com uma meta comum aos mesmos, ou seja, indivíduos que estão dentro de um contexto sociocultural historicamente determinado (FACCI, 1998).

Por isso trazemos a temática bullying para a discussão. O bullying na escola e a forte expressão denotada ao mesmo nos dias atuais, e questionamos, será que essa é uma relação estabelecida somente entre os muros da escola?

Ressaltamos que sempre existiu o bullying no contexto escolar, “[…] porém há pouco mais de 30 anos é que começou a ser estudado com parâmetros científicos, como fenômeno psicossocial, e recebeu um nome específico” (FANTE; PEDRA, 2008).

O termo bullying é de origem inglesa, e tem sido utilizado para descrever atos de violência, física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticado por um indivíduo ou por um grupo de indivíduos, que tem por objetivo a agressão a um sujeito incapaz de se defender (DREYER, 2010).

Dentre esses comportamentos Silva (2010, p. 21) destaca as agressões, os assédios e as ações desrespeitosas, que são sempre realizados de maneira recorrente por parte dos agressores.

É fundamental explicitar que as atitudes tomadas por um ou mais agressores contra um ou alguns estudantes, geralmente não apresentam motivações específicas ou justificáveis. Isso significa dizer que, de forma quase “natural”, os mais fortes utilizam os mais frágeis como meros objetos de diversão, prazer e poder, com o intuito de maltratar, intimidar, humilhar e amedrontar suas vítimas.

Ao encontrarmos a definição em relação ao bullying dada pela ABRAPIA (Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência), verificamos uma complementação à ideia de Silva (2010). Para a ABRAPIA a definição do tema abrange:

“[…] todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder” (ABRAPIA, 2010, p. 2, grifos nossos).”

O bullying é, portanto, um tipo de violência. O agressor ou bullie tende a agir de maneira tirana exibindo ações como:

[…] colocar apelidos, ofender, zoar, gozar, encarnar, sacanear, humilhar, fazer sofrer, discriminar, excluir, isolar, ignorar, intimidar, perseguir, assediar, aterrorizar, amedrontar, tiranizar, dominar, agredir, bater, chutar, empurrar, ferir, roubar, quebrar pertences (ABRAPIA, 2010, p. 3).

Além disso, podermos situá-lo em cinco eixos amplos para o ataque às vítimas: 1) verbal; 2) físico e material; 3) psicológico e moral; 4) sexual; e 5) virtual.

Esses investimentos violentos podem gerar sequelas para toda a vida. Silva (2010) aponta para as consequências psíquicas e comportamentais provocadas pelo sofrimento quanto ao bullying. Os problemas mais comuns encontrados pela estudiosa são: os sintomas psicossomáticos:

transtorno do pânico; fobia escolar; fobia social (transtorno de ansiedade social – TAS); transtorno de ansiedade generalizada (TAG); depressão; anorexia e bulimia; transtorno obsessivo-compulsivo (TOC); transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Há, também, os quadros menos frequentes, como a esquizofrenia; e o suicídio e homicídio.

Vale ressaltar que os problemas relatados, em sua maioria, apresentam uma marcação genética considerável. No entanto, a vulnerabilidade de cada indivíduo, aliada ao ambiente externo, às pressões psicológicas e às situações de estresse prolongado, pode deflagrar transtornos graves que se encontravam, até então, adormecidos (SILVA, 2010, p. 32)

Percebe-se que, diante da gravidade da questão, as intervenções diante de situações de bullying no ambiente escolar estão longe de serem satisfatórias. Há uma resistência relativamente expressiva em tratar sobre a temática de forma aberta. Soma -se a isso o fato dos profissionais que atuam, direta ou indiretamente, no ambiente escolar não se sentirem preparados para lidar com a identificação e com as manifestações do bullying.

Bullying é assunto sério. Precisamos falar sobre ele, precisamos compreendê-lo, criar estratégias de prevenção e formas de intervenção. Enfim… precisamos enfrentar esse fenômeno que emerge no ambiente escolar.

Gescielly B. da Silva Tadei

Psicóloga CRP 08/11591


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O fenômeno bullying em ambiente escolar: discussões necessárias

 

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